Postado por: Victor Tadeu

124 casos de assassinato por transfobia foram registrados ao longo de 2019 no Brasil, esses números foram compartilhados em janeiro (28) pelo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Apesar de ser uma quantidade menor dos anos anteriores, instituições afirmam que não é uma condição totalmente boa, já que somente 11 casos tiveram seus suspeitos identificados.

Infelizmente a realidade de mulheres trans em território brasileiro é muito perigosa, já que diversas delas acabam vivendo em situação de rua devido a intolerância dos pais e ficam expostas aos diversos problemas sociais que se intensificam nas noites.

O caso de Marsha P. Johnson é um grande exemplo de como a sociedade junto com a segurança pública não se preocupa em lutar contra os agressores de mulheres transgêneros, pois a mesma foi encontrada morta no rio Hudson e até hoje não se sabe o verdadeiro motivo desse possível assassinato.

Marsha P. Johnson é uma mulher trans que também trabalhava como drag queen e prostituta, e devido suas características físicas ela conseguia entrar em bares gays de Nova York e estave presente em todos os momentos da Rebelião em Stonewall, sendo um grande marco para a história da comunidade LGBTQIA+.

Sendo extremamente respeitada nas ruas do Village, Marsha tornou-se referência para muitas pessoas, principalmente por não pensar duas vezes em ajudar o próximo. Existem relatos que ela foi uma das únicas daquele local dá suporte aos infectados pelo vírus HIV na época da epidemia.

Além de toda solidariedade através de conselhos, ela também era muito solidária com questões materiais, sempre ajudando aos mais necessitados — ela também era — com as poucas vestimentas que tinha.

Porém, a vida de Marsha acabou de forma suspeita e bastante trágica em 1992. Infelizmente a mulher foi encontrada já morta no píer de Christopher, no momento que seu corpo foi retirado da água algumas pessoas afirmavam ter visto um buraco em sua cabeça e a segurança pública inicialmente alegou ser um caso de suicídio.

Imediatamente toda a comunidade LGBTQIA+ foram para as ruas buscar justiça por ela, mas até hoje o caso é arquivado e ninguém sabe o que realmente aconteceu com a militante, negra, de 46 anos em 06 de junho de 1992.

Existem diversas especulações, como: briga com cliente, briga com cafetão, uso de drogas, perseguição política, perseguição policial, depressão, esquizofrenia e entre diversos outros. Essa história não pertence exatamente ao passado, já que a atualidade de mulheres trans são iguais ou semelhantes ao da amável Marsha.

A Netflix lançou em 2017 um documentário chamado A Vida e a Morte de Marsha P. Johnson, onde sua antiga amiga chamada Victoria Cruz, integrante do Projeto Antiviolência, inicia uma investigação sobre o caso. Através do longa-metragem conseguimos identificar a falta de honestidade por parte da segurança pública. E entre as cenas, somos transitados em todo impacto da vida de Johnson nas ruas de Village, a importância dela no cotidiano de seus amigos e como isso é refletido nos dias atuais.

Existe uma rápida e necessária crítica feita por Sylva Riveira, na qual ela ressalta como toda a comunidade não luta pelos direitos de pessoas trans, sendo que mulheres e homens trans estão sempre dispostos para batalhar pelos direitos de todos. Atualmente esses casos se repetem, nos Estados Unidos os assassinos não cumprem toda a pena estabelecida e mulheres negras são grandes alvos.

Marsha P. Jonhson precisa de justiça, não somente para ela, como também para todas as outras mulheres transgêneros. No Brasil 82% dos casos de mortes por transfobia foram de mulheres trans negras e elas também necessitam de justiça.

É válido ressaltar que a Fiocruz junto com a ABGLT desenvolveram Dandarah, um aplicativo para a comunidade LGBTQIA+ se informar e denunciar qualquer violência com cunho de intolerância. A plataforma foi projetada após o caso brutal de Dandara, uma cearense de 42 anos assassinada por pelos menos quatro homens transfóbicos.

Esse é um conteúdo participante do nosso projeto Mês do Orgulho LGBTQIA+ no Desencaixados, sendo patrocinado pela Mufasa Cloud e apoiado pela Associação Atlética União, Igualdade e Força, clique aqui para saber mais.