CRÍTICA – Aniquilação
13 mar

CRÍTICA – Aniquilação

Filmes

Julia Giarola

Filme: Aniquilação
Título original: Annihilation
Data de lançamento: 12 de março de 2018 (Netflix)
Duração: 1h 55min
Direção: Alex Garland
Gênero: Ficção científica, Suspense
Nacionalidade: EUA

Sinopse: Uma bióloga (Natalie Portman) se junta a uma expedição secreta com outras três mulheres em uma região conhecida como Área X, um local isolado da civilização onde as leis da natureza não se aplicam. Lá, ela precisa lidar com uma misteriosa contaminação, um animal mortal e ainda procura por pistas de colegas que desaparecem, incluindo seu marido (Oscar Isaac).

Ao longo dos anos, filmes de ficção-científica se transformaram, na sua maioria, em grandes eventos de entretenimento, apelando para um público geral. Porém, ocasionalmente, surge algo do gênero que vem para nos lembrar o quanto esses filmes já foram utilizados como ponta pés iniciais de conversas intelectuais, como a obra-prima de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968). Alex Garland foi um dos cineastas modernos que trouxe esse artifício de volta com Ex_Machina: Instinto Artificial em 2014. Agora de volta no novo lançamento da Netflix, Aniquilação veio para possivelmente trazer de volta o engajamento social que as antigas ficções-cientificas costumavam criar.

Construindo um modo imersivo específico, assim como em Ex_Machina: Instinto Artificial (2014), Alex Garland cria uma nova plataforma interativa com a audiência que é convidada e desafiada à desenvolver suas próprias interpretações. Fugindo da passividade dos filmes mainstream, o novo filme da Netflix é uma jornada complexa que deve ser experienciada, persistindo por respostas mesmo depois que acaba. Ao expor uma história ambígua com um contexto intelectual, Aniquilação cria um engajamento social interessante, ao abrir espaço para conversas e discussões sobre o que realmente acontece no filme. Este aspecto pode prejudicar a visibilidade do longa em relação à um público geral que procura apenas por entretenimento e conclusão. Passando um pouco longe disso, Aniquilação entretém, mas de uma forma diferente, oferecendo então algo mais duradouro.

Assim como o filme A Chegada de 2016, Aniquilação não conhece limites entre histórias movidas por personagens ou pelo enredo ficção-científica, traçando uma correlação entre o grandioso e íntimo. Separando um tempo para desenvolver tanto a protagonista quanto as outras personagens que a acompanham nesta jornada, o longa estabelece trajetórias pessoais para cada um que, mesmo que estereotipadas, ainda funcionam no contexto da trama. Existe uma sub-trama dentro do roteiro que parece periférico demais em relação ao enredo principal sendo um ponto negativo. Este, porém não incomoda o suficiente para se sobressair sobre o produto final.

Sem entrar no território de spoilers, vale a pena mencionar um tema recorrente do filme que explora a auto destruição. Introduzindo este conceito em um diálogo, Aniquilação prepara cuidadosamente para implantar a mensagem nas entranhas de sua história, levantando uma questão interessante sobre a diferença entre destruição e mudança. Esta diferença é, de certa maneira, essencial para uma compreensão do filme, apesar de ainda ser uma interpretação pessoal. Estabelecendo uma relação forte com uma metáfora sobre câncer, o longa reforça ainda mais a auto destruição como chave para os momentos inexplicáveis e surpreendentes.

O destaque do filme, porém, é seu lado técnico. Com visuais inovadores e uma trilha sonora arrepiante, Aniquilação quebra o formato típico das ficções-científicas, mostrando algo familiar, mas ligeiramente modificado. As paisagens surreais, fotografia colorida e direção delicada se juntam para compor uma experiência totalmente imersiva. Juntamente com as excelentes atuações de todo o elenco (principalmente de Portman), a Netflix mais uma vez oferece um longa ousado e diferente que, apesar de não ser para todos, consegue deixar sua marca.

Nossa nota é:

Assistir ao trailer:

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