CRÍTICA – Meu Ex É um Espião

Julia Giarola

Título: Meu Ex É um Espião
Título original: The Spy Who Dumped Me
Data de lançamento: 23 de agosto de 2018
Duração: 1h 57min
Direção: Susanna Fogel
Gênero: Comédia, Espionagem
Nacionalidade: EUA

Sinopse: As melhores amigas Audrey (Mila Kunis) e Morgan (Kate McKinnon) embarcam numa atrapalhada aventura de espionagem pela Europa depois que o ex-namorado (Justin Theroux) da primeira revela-se um agente secreto caçado internacionalmente por assassinos.

As comédias de espionagem agora podem ser consideradas um sub-gênero, atingindo uma combinação de reconhecimento e relevância dentro da indústria. Desde clássicos como O Homem Que Sabia de Menos (1997) até produções mais atuais como A Espiã Que Sabia de Menos (2015), filmes do gênero estão agora começando a aparecer cada vez mais, ficando mais difícil encontrar um lançamento que traga algo novo, algo que não vimos antes. Porém, antes de tudo, um filme como este deve ser divertido, as vezes deixando passar uma falta de necessidade de ser produzido. Reunindo talentos tanto em frente como atrás da câmera, Meu Ex É um Espião cumpre a função de entretenimento, mas não acrescenta nada além de algumas horas de distração no cinema.

Se apoiando na química entre Kate McKinnon e Mila Kunis, este novo lançamento tenta conciliar a ação de filmes de espionagem e o humor dos filmes de comédia. Em alguns momentos, consegue, usando e abusando do talento cômico das atrizes e direção sólida de Susanna Fogel. O maior problema de Meu Ex É um Espião, porém, é quando coloca tudo isso em uma trama que, honestamente, não funciona. A história fragmentada não apresenta a fluência que deseja para estabelecer um bom ritmo entre as piadas e a violência gráfica – dois pontos fortes do filme. Apesar disso, o longa se distrai do aspecto espionagem durante as duas horas e simplesmente esquece onde pretendia ir. Na prática, este problema não afeta tanto o aproveitamento da audiência, mas quando se trata de misturar gêneros, todos os elementos devem ser levados em consideração para o produto final, e é aí que o roteiro falha.

Juntamente com o aspecto espionagem que não é bem desenvolvido ou bem pensado, Meu Ex É um Espião é um filme mais longo que deveria ser. Ao tentar complicar a trama, o filme de duas horas começa se arrastar depois que passa de seu tempo. Apesar das atuações divertidas, após um hora e meia, com um enredo que planeja se resolver facilmente, o longa se torna desnecessário. Apresentando muito bem as amizades femininas sem envolver um romance central, a comédia ganha pontos. As duas protagonistas realmente representam as pessoas que conhecemos na vida real. Porém, é depois de um certo ponto que o filme tenta modificar esta normalidade e começa a ficar longo demais.

Isso sendo dito, porém, vale mencionar a qualidade das cenas de ação dirigidas por Susanna Fogel. Não ponderando o nível de violência gráfica presente na produção, a diretora faz seu melhor trabalho em cenas de luta ou perseguições. Com este aspecto, juntamente ao humor distribuído pelo longa, Meu Ex É um Espião acaba sendo um filme agradável. As aparições de veteranos como Jane Curtin, Paul Reiser e Gillian Anderson trazem uma dinâmica especial ao filme. Kate McKinnon, mais uma vez, rouba as cenas com uma atuação mais reservada – mas ocasionalmente excêntrica – assim como Mila Kunis contribui muito bem com as interações entre as personagens. Sendo este o tema principal da comédia – amizade entre as protagonistas -, o filme é sim uma boa ida ao cinema, tendo em mente os leves defeitos que farão com que o longa não deixe uma marca permanente no sub-gênero como outros anteriormente fizerem.

Nossa nota é: