Black Mirror
Uma chapa de vidro comum com um dos lados pintados de preto. Assim é feito um espelho negro. Para os amantes do mundo esotérico, um “black mirror” funciona como um mecanismo de vidência, uma porta para uma viagem astral, comunicação com outros planos… Para os amantes de Netflix, “black mirror” significa “futuro”. Uma série que não requer acompanhar capítulos sequenciados. A série feita pela Netflix (que para muitos ainda vai dominar o mundo). Black Mirror mostra o futuro e os avanços tecnológicos que vem com ele. Assim como Aldous Huxley com seu livro “Admirável mundo novo”, Arthur C.Clarke em “2001: uma odisséia no espaço” e William Gibson em “Neuromancer” mostraram um futuro que aconteceu, a série de televisão britânica de Charlie Brooker lançada em 2016 alcançou sucesso com seu tema futurista e sombrio.
O que Black Mirror tem em relação com um espelho negro?
A série mostra onde os avanços tecnológicos podem nos levar, como um vidente, Brooker olha em seu espelho e despeja sobre nós sua vidência, como se estivesse se comunicando diretamente com os espíritos do futuro. Mas diferente de alguns livros e aspirações do que nos esperam daqui a vinte ou trinta anos, Black Mirror mostra onde nós não devemos parar com nossos avanços.
Uma sociedade difícil de engolir se você não está adequado aos padrões virtuais. Uma sociedade que comemora a selvageria controlada e televisionada, como no episódio “Urso Branco”, onde as pessoas assistem a punição de uma criminosa, que tem suas memórias apagadas todos os dias para que o show se repita outra vez. Que prioriza o contato virtual mais do que o pessoal, como no episódio “Queda Livre”, onde uma espécie de rede social abre portas ou as fecha pra você nesse mundo. Que extirpa o diferente como uma barata que precisa ser esmagada, como no episódio “Engenharia Reversa”, que relembra o passado trazendo para o futuro um novo e velho tipo de fascismo ao mesmo tempo. Onde a palavra “privacidade” é levada a um outro extremo: a de que ela não precisa existir, de que todos precisam saber um dos outros e que precisam contar um dos outros, como no episódio “Toda sua história”, onde as pessoas podem transmitir em qualquer tela suas memórias visuais. Onde não é necessário dizer adeus, se você não quiser, mas que também nos permite apagar qualquer coisa da memória, sejam lembranças, emoções ou pessoas, em episódios como “San Junípero”, “Volto já” e, um episódio especial “Natal Branco”. Um futuro onde tudo é possível. Mas nem tudo convém.
A revolução tecnológica que nos leva a refletir o quanto estamos dependentes de novos tipos de drogas, não injetáveis, você não precisa prová-las em sua língua, nem inalá-las, basta destrava ser celular ou ligar seu computador. Não estamos á beira da morte, mas estamos ligados à aparelhos. A série mostra que tentando melhorar o mundo e as pessoas que vivem nele, podemos acabar perdidos, podemos acabar tragados pelo espelho negro e virarmos apenas ecos que tentam alertar um futuro das próximas temporadas.
Quanto a série, os capítulos são longos, alguns com mais de 50 minutos, mas as temporadas são pequenas, entre três e seis episódios, além de um episódio especial e no momento encontra-se em “hiatus” no Netflix, talvez Brokeer esteja consultando seu próprio “Black Mirror”, indo mais fundo no futuro para nos alertar do que precisamos fugir se quisermos não nos transformar em máquinas orgânicas, que respiram e andam, mas que deixam que a “inteligência artificial” nos controle.
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