CRÍTICA – Doentes de Amor
30 ago

CRÍTICA – Doentes de Amor

Filmes

Julia Giarola

Filme: Doentes de Amor
Título original: The Big Sick
Data de lançamento: 12 de outubro de 2017
Duração: 1h 59min
Direção: Michael Showalter
Gênero: Comédia Dramática, Romance
Nacionalidade: EUA

Sinopse: O comediante paquistanês, Kumail, e a estudante de graduação, Emily, se apaixonam, mas eles encontram dificuldades quando suas culturas entram em conflito. Além disso, quando Emily contrai uma doença misteriosa, Kumail deve tentar resolver a crise com seus pais causada pelo conflito emocional entre sua família e seu coração.

Podemos ver ao longo dos anos o quanto determinadas décadas influenciam o estilo dos filmes, seja em relação às histórias, temas, ambientes ou até mesmo gênero. Nesta nova era, podemos observar a notória presença de filmes de super-heróis que acabam ofuscando uma grande parte de outros gêneros que são lançados simultaneamente, o que resulta em uma lamentável ignorância a respeito do verdadeiro estilo artístico de nossa década, graças aos grandes estúdios que fazem questão de tirar a atenção do cinema independente, este que é a principal manivela que move a indústria adiante. Porém, uma minoria ainda consegue acompanhar alguns destes lançamentos de perto e perceber o verdadeiro legado que estes 10 anos deixarão para o futuro, sendo este os contos modernos que espelham uma realidade crua. Doentes de Amor é um desses filmes, que será tão importante para um olhar abrangente das comédias produzidas nesta nossa década.

Seguindo esta nova direção das comédia modernas, Doentes de Amor traz um olhar realista em um conto moderno sobre vida, amor e carreira. Assim como alguns excelentes filmes pouco convencionais lançados nos últimos anos como Entre Risos e Lágrimas (2014), Don’t Think Twice (2016) e até mesmo a série Master of None (2015-), este longa é centrado na vida de um artista tentando ser bem sucedido na indústria, ainda tendo que lidar com os outros vários aspectos de sua vida pessoal. Esta história oferece uma perspectiva interessante sobre o mundo, uma visão vulnerável de um comediante que faz de sua vida uma piada da maneira mais íntima possível, demonstrando a realidade brutal desta profissão.

É uma história honesta, mas ainda muito divertida. O filme soube extrair bem as risadas de uma maneira natural criando uma comédia genuína e que não se apoia em piadas baratas; todas as piadas são bem trabalhadas e merecidas. Tudo isso é um grande mérito do roteiro que desde o início estabeleceu um ritmo orgânico, fazendo a trama fluir muito bem. Kumail Nanjiani, que interpreta o protagonista também chamado Kumail, escreveu o roteiro com sua mulher, Emily V. Gordon, contando a história de como se conheceram o que faz o filme se tornar íntimo da melhor maneira possível, não somente por causa do relacionamento dos dois, mas também devido a sub-trama sobre conexão e família.

O mérito também é do elenco que faz jus ao incrível material. Kumail faz um ótimo trabalho com um protagonista extremamente carismático, algo que se provou tão importante durante o filme. Na verdade, todos os atores são muito bem escalados, Holly Hunter e Ray Romano sendo de longe os destaques do filme. A química entre todos os personagens é o que faz a história funcionar tão bem, tanto que o ponto mais alto do filme é quando os personagens estão interagindo e dando voz ao maravilhoso diálogo.

Doentes de Amor é sim uma comédia romântica, mas nada convencional. O filme lida com relacionamentos de uma maneira muito sofisticada, dando mais ênfase na conexão e no carinho que no romance em si, algo que foi muito bonito de se ver. Além de tudo, o longa ainda consegue lidar com assuntos mais delicados como cultura e aceitação, estabelecendo a importância do filme em um contexto maior, devido ao atual clima político dos EUA.

O filme reflete muito bem o que pode ser o estilo de nossa atual década, algo que será lembrado no futuro como um espelho da realidade em que vivemos onde deixando os artistas contarem suas histórias em suas perspectivas, além de nos mostrar o quanto eles trabalham duro para chegarem onde querem, para alcançarem um nível de notoriedade para fazer um filme como este. É isso que Kumail fez: nos mostrou sua história, por mais íntima que seja, de uma maneira a também contribuir para nosso cinema. Com certeza é um filme excelente que merece sua atenção. Não percam!

Nossa nota é:

Assista ao trailer:

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