CRÍTICA: The Tick – 1ª Temporada
28 ago

CRÍTICA: The Tick – 1ª Temporada

Séries

Julia Giarola

Série: The Tick
Título original: The Tick
Ano de lançamento: 2017
Duração: 10 episódios
Criador: Ben Edlund
Gênero: Comédia , Ficção científica, Ação
Nacionalidade: EUA

Sinopse: Um contador descobre que sua cidade é secretamente dominada por um magnata do crime que todos pensavam que estava morto. Ele tenta revelar a verdade a todos, se apaixonando no processo. O problema é que o mundo é povoado por pessoas com super poderes. O vilão que ele está tentando combater tem super poderes. A nova dona do seu coração tem super poderes. Já ele… Não sabe fazer nada além de preencher impostos.

Os serviços streaming com certeza estão vindo com tudo! Com o sucesso da Netflix, mais plataformas começaram a trabalhar em conteúdos originais, mas nenhum conseguindo ultrapassar o sucesso e variedade desta. Sucesso e quantidade, porém, não são os únicos requisitos a serem avaliados nessa situação, pois em relação a qualidade, muitas plataformas estão sendo muito bem sucedidas. Séries como The Handmaid’s Tales (confira nossa crítica aqui), produzida pela Hulu, que foi aclamada pelo público e pela crítica é um exemplo claro que nesta disputa por notoriedade, nós somos os beneficiados. A Amazon Prime é uma dessas plataformas que adotou a nova onda e tem liberado seu próprio conteúdo original. Ela se provou capaz de distribuir uma série de qualidade após Deuses Americanos, uma série original da Starz (confira 10 motivos para assistir Deuses Americanos), agora dando um tiro no escuro com essa adaptação de The Tick que é nada mais que fantástica!

Baseado nos quadrinhos de mesmo nome, The Tick já recebeu algumas adaptações durante os anos, entre elas se destacando o desenho animado de 1994 e a primeira tentativa do seriado em 2001. A série lançada este ano, porém, pode ser considerada a mais bem sucedida de todas encorporando tudo que adoramos nos desenhos animados, além de incluir o que faltava: a ultra-violência. Do diálogo dinâmico às piadas espertas, The Tick se atreve a se divertir com os clichês estabelecidos pelos filmes de super-heróis, desconstruindo todo o gênero. Na era dos super-heróis, The Tick mostra a Marvel como fazer comédia e a DC como desenvolver boas histórias, casando com harmonia as duas qualidades.

Semelhante à filmes de paródia como Turbo Kid (2015), Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010) e até mesmo Os Incríveis (2004), a série utiliza os clichês do jeito certo, explorando as melhores partes do gênero escolhido e as utilizando em uma história original de maneira irônica. Os esteriótipos dos personagens são acentuados e encaixados na trama de maneira magistral, mas ainda conseguindo construir motivações originais e bem desenvolvidas. O Tick representa o super-herói burro com habilidades incríveis e está ali para mover a trama a diante, brilhantemente, mas esta acompanha, na verdade, Arthur, o protagonista que apresenta uma perspectiva diferente da jornada do herói, contando a história de uma maneira ainda mais divertida.

“Você não percebe Arthur, tudo está começando a fazer sentido, esta é a sua vida, sua saga, sua história de origem”

Assim como Os Incríveis, The Tick apresenta um enredo mais maduro e complexo que deixa parecer, explorando solidão de uma maneira muito interessante que se prova mais que eficiente no desenvolvimento das personalidades em questão, o que deixa a história ainda mais simpatizante. As interações engraçadas entre os personagens bem desenvolvidos e o ambiente que é criado estabelecem o tom perfeito para o enredo se expandir. Com a “comédia estúpida”, nós somos cuidadosamente distraídos da incrível e extremamente coerente trama que se desenvolve com um ritmo natural, esta que tem um pouco de tudo: ação, aventura, drama, comédia, romance e situações absurdas que são executadas com sarcasmo. A química entre o Tick e Arthur é a alma da série e um dos motivos porque a história funciona tão bem.

“O mundo te deve um abraço, pequeno soldado, e sou que vou te dar um.”

A comédia afiada não é apenas um bônus, mas possui uma função na série. As piadas estabelecem vários pontos importantes do desenvolvimento da trama. Nenhuma piada é só uma piada, todas elas têm um propósito. Além disso, The Tick também nos oferece um “dicionário” de frases marcantes que fará da série um possível clássico cult. As falas engraçadas juntas á entonação exagerada e perfeita de Peter Serafinowicz são cheias de significado, por mais estranhas que pareçam. Isso é a comédia bem feita!

“Pequeno amigo, você não pode continuar flutuando como uma pena de avestruz no furacão, deixando as pessoas te dizer como viver, onde trabalhar, quando parar de respirar. Você consegue Arthur, você está no controle.

A série soube distribuir o peso do conteúdo muito bem entre todos os envolvidos, apresentando um elenco perfeito, Peter Serafinowicz sendo o destaque, e também uma direção de qualidade. As cenas de ação são muito bem dirigidas principalmente acompanhadas pela trilha sonora característica e discreta presente. O clima da abertura animada se espalha por todos os episódios, que nos promete toda vez uma ótima sensação de “quero mais”.

“Cair: uma das mais temidas e incompreendidas condições da humanidade”

Sim, o único defeito da série é que tem pouco. Os episódios são apenas em torno de 20 minutos e até agora foram lançados apenas seis, mas que são mais que o suficiente para conquistar o público e estabelecer seu estilo próprio. Finalizando com uma excelente montagem ao som de Blind and Brave de The Wild Reeds, a série ganhou minha admiração, podendo dizer que é a melhor série de super-heróis que já assisti!

Nossa nota é:

Assista ao trailer:

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