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Resenha

RESENHA: Bom dia, Verônica

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No Brasil a justiça nem sempre prevalece, mas Verônica a escrivã do delegado Wilson Carvana do Departamento de Homicídios, sente que poderia fazer mais do que trabalhar em frente ao computador, fazer planilhas e arquivar casos. Principalmente depois de observar uma mulher sair da sala do delegado e se atirar da janela. Mais tarde, no mesmo dia ela recebe a ligação de uma mulher que a viu na televisão, alegando que seu marido vai matá-la – e já matou antes.

 Verô é uma escrivã ambiciosa e mãe de dois filhos, cuidando também de seu pai, que perdeu a consciência após um suspeito caso de corrupção envolvendo seu nome, inclusive acusado de matar a mãe de Verônica. Ela então passa a investigar ambos os casos por conta própria, principalmente depois que seu chefe Carvana prestes a se aposentar, pede para que ela arquive o caso de Martha, a mulher que se suicidou. O que ela não previu é que essas duas histórias teriam impacto total em sua vida.

Bom dia, Verônica foi lançado em 2016 pelo pseudônimo de Andrea Killmore, e foi somente em 2019 que a DarkSide Books revelou os verdadeiros autores da história, Andrea não era a assinatura de apenas um escritor, mas de dois: Raphael Montes e Ilana Casoy. A dupla de escritores publicou um thriller brasileiro da melhor qualidade. Casoy é criminóloga e estuda perfis de serial killers. Montes além de escritor, é roteirista no audiovisual, entre suas obras mais famosas estão: Dias perfeitos, Uma Mulher no Escuro e Jantar Secreto.

A narrativa é fluida e te prende em 256 páginas, os primeiros capítulos mostram a protagonista saindo de sua zona de conforto. Verônica se joga nas duas investigações, Martha foi vítima de um golpista em sites de relacionamento, a ligação que recebe é de Janete, que é atacada fisicamente e psicologicamente, vivendo violência doméstica e opressão pelo marido Cláudio Brandão, o detalhe é que ele é Tenente Coronel da Polícia Militar.

Isso significa que além de Verônica não ter permissão para investigar por ser escrivã, Brandão tem um cargo alto dentro da Polícia Militar de São Paulo, dificultando a investigação que mais tarde mostraria um enorme esquema de corrupção envolvendo seu próprio pai, e até pessoas que trabalham na Delegacia de Homicídios com Verônica. Janete ainda tem a esperança de que o marido mude, e se recusa a aceitar que Brandão é um psicopata. Essa relação entre Janete e Brandão prova que após anos morando e convivendo junto com alguém que ama, fica difícil enxergar detalhes tão perceptíveis. Além disso, o livro aborda a questão da dificuldade das mulheres de irem a uma delegacia para denunciar e sair de uma situação de abuso.

A relação de Verônica com Janete torna-se cheia de altos e baixos, e faz com que o leitor se sinta parte da história, sentimos raiva, medo e angústia, vendo personagens complexos e humanos. Enquanto Verônica quer resolver tudo sozinha, Janete busca sair de uma situação que ela não sabe lidar. No decorrer da trama vemos Verônica arquitetando formas de encontrar o agressor de Martha. Uma das características do golpista é atrair mulheres mais velhas, que já fizeram cirurgia bariátrica, e são solitárias e carentes. Para isso Verônica se inscreve em um site de encontros chamado AmorIdeial. O golpista marcava um encontro com suas vítimas para roubar os pertences de maior valor, as dopando com Boa noite Cinderela que além dos efeitos comuns também deixavam marcas em suas bocas.

Podemos perceber ao longo da leitura que a história não é apenas sobre os abusos contra mulheres, mas injustiças e uma falta de caráter de todos os personagens. A própria Verônica seduz e manipula em troca de informações, e se distancia muito da família. Bom dia, Verônica foge da narrativa convencional ao mostrar a realidade dos fatos, como o descaso dos órgãos públicos, mostrando de fato a vida real como ela é. A cada virar de páginas a narrativa se torna mais intensa, e assim vamos conhecemos a intimidade dos personagens, suas angústias e, principalmente, seus segredos.


Título: Bom dia, Verônica
Autores: Raphael Montes e Ilana Casoy
Editora: DarkSide
Gênero: Ficção
Número de páginas: 256
Sinopse: A rotina da escrivã de polícia Verônica Torres era pacata, burocrática e repleta de sonhos interrompidos até aquela manhã. Um abismo se abre diante de seus pés de uma hora para outra quando, na mesma semana, ela presencia um suicídio inesperado e recebe a ligação anônima de uma mulher clamando por sua vida. Verônica sente um verdadeiro calafrio, mas abraça a oportunidade de mostrar suas habilidades investigativas e decide mergulhar sozinha nos dois casos. Um turbilhão de acontecimentos inesperados é desencadeado e a levam a um encontro com lado mais sombrio do coração humano.

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