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Resenha

RESENHA: O Terno Laranja

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Cinco famílias estão governando o Brasil, todas ricas e ditadas como patriotas, enquanto o restante da população são os pobres conhecidos como servos ou e miseráveis. Cada família estava responsável por atuar em uma área específica, tentando salvar o país de um evento que marcou a vida de muitas, mas apesar dessa salvação nem todos estavam satisfeitos.

Abraão, conhecido como Brás, é um servo que trabalha junto com sua mãe para a família Bresser, os responsáveis por cuidar da política do país. Porém, ao passar dos anos e a sua proximidade com os membros daquela família, alguns sentimentos e outros terríveis eventos foram desenvolvidos, acarretando o destino do menino, principalmente o seu contato com Pedro, o filho de Jacob Bresser.

Algo aconteceu e, em partes, Brás sente-se uma pequena culpa e durante as páginas desse curto livro, ele nos contará toda o ocorrido, dando-nos a possibilidade de culpá-lo ou inocentá-lo.

O Terno Laranja, escrito por Lito, um pseudônimo de Alan Silva, é o segundo livro do projeto Todas as Letras do Arco-Íris, uma organização de Maria Freitas e publicado somente em edição digital no Amazon. Essa é uma distopia que pode surpreender os leitores devido toda a problemática tranquila e facilmente compreensiva proposta pelo escritor.

Com mencionado, desde o início é proposta uma missão para o leitor, onde, através da narrativa, o protagonista afirma que aconteceu uma coisa e que precisa da nossa ajuda para saber se ele teve culpa ou não. Essa é uma forma muito inteligente do autor segurar a atenção de quem está lendo e propor uma dinâmica que inclui o leitor na aventura vivida por Abraão, acertando em cheio no início da história.

Diferente do primeiro livro do projeto Todas as Letras do Arco-Íris, sendo o primeiro livro O Centro de Todo o Caos, esse procura trabalhar um pouco mais na sexualidade dos personagens e, além disso, traz muitas problemáticas em um cenário futurista que facilmente tem alusão com alguns acontecimentos históricos que infelizmente marcaram a vida do Brasil, como características da Ditadura Militar, onde a censura reinava; Revolução Industrial, momento que os trabalhadores não tinham direito e isso é refletido muito em Brás e sua mãe nos trabalhos para a Família Bresser. O próprio Lito afirma na narrativa que houve um regime e isso não é explorado profundamente no enredo, justamente por ser um livro curto e de rápida leitura.

Apesar dessa pouca exploração com o antigo contexto que levou o Brasil chegar à esse estado, o autor foi responsável o suficiente em levantar aspectos que facilitam a compreensão dos leitores. A família Bresser contém membros em importantes cargos do país, como em igrejas, meios de comunicação e entre outros, reforçando o quanto eles buscavam se beneficiar através desses privilégios, um fator que nos leva refletir ainda mais às alusões dos acontecimentos históricos.

Os personagens desenvolvidos em O Terno Laranja não tem tanta profundidade, justamente por conter poucas páginas, mas isso não é sinônimo de falha, já que o autor consegue manter a personalidade deles e estabelece uma finalidade, com maestria, para cada um, assim levando um entretenimento agradável e sem muita complexidade para quem está lendo. Porém, é necessário afirmar que a curiosidade sobre o passado do pai de Abraão incomodou, um incômodo no mesmo nível na falta de explicação do Antigo Regime, só que isso não torna o livro ruim, somente mais curioso.

A narrativa proposta por Lito é engajada, rápida e voa no tempo, ele procurou trabalhar com os capítulos passando de anos em anos, apresentando como as situações entre os personagens haviam mudado. Ele consegue transitar em diferentes gêneros dentro de um só enredo, iniciando com uma distopia futurista, entrando em um romance e apostando em um suspense, gradativamente acelerando a empolgação de O Terno Laranja.

O trabalho editorial nesse título é somente para edição digital e isso não elimina o fato da Editora Resistência ter sido dedicada com a obra. Mais uma vez Maria Freitas conseguiu levar mais um livro incrível para o mercado, desenvolvendo uma capa que faz muita ligação à história e apostando em cores vibrantes que chamam muita a atenção.

O Terno Laranja, escrito por Lito, é um livro que nos propõem pensar um pouco sobre nossas atitudes, fazendo-nos colocar no lugar do próximo e deixar o egoísmo de lado. Além disso, o autor procura, de forma rápida, levantar diversas críticas sobre política, sexualidade, religião e entre alguns outros meios através de uma escrita leve e tranquila.


Título: O Terno Laranja
Autor: Lito
Editora: Resistência
Gênero: Distopia
Número de páginas: 57
Sinopse: Depois da queda do antigo regime, o país passou a ser governado por cinco famílias ricas e poderosas, os patriotas. Enquanto o resto da população ficou dividida entre miseráveis e servos.

Brás não é um patriota. Junto com a mãe, ele serve a família de Pedro, sem questionar e nem ver o mundo ao redor. Dentro da mansão, Brás crê fazer parte do meio da pirâmide e, ao se apaixonar pelo herdeiro de uma das famílias mais poderosas do país, passa a acreditar que pode ser aceito no topo.

Mas Brás não está no meio. Ele está na base. Junto com os miseráveis.

Brás será capaz de escalar todos os degraus rumo ao topo, para ficar ao lado de Pedro? Será que os patriotas aceitariam ali alguém que sempre esteve na base?

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