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Resenha

RESENHA: Caçadores de Tempestade

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Há 30 anos eles estão vivendo a Nova Era, onde a tecnologia à vapor ganhou muita força na mesma medida que as tempestades e as condições de vida. Infelizmente crianças são obrigadas à viverem em situação de risco em troca de miséria, esse foi o caso de Tifa, que foi obrigada a trabalhar nas nuvens para captar eletricidade dos raios.

Agora, após tantos desastres que já passou, ela é capitã de Oyá e contém uma missão um tanto arriscada, pois há 5 meses perdeu Nico, seu amigo, em uma operação em Argel e está com sede de resgate.

Junto com seus amigos e algumas crianças recrutadas para essa missão, ela vai rumo ao perigo, tendo em mente que existem grandes possibilidades do seu amigo Nico estar muito debilitado e/ou toda missão ir por água abaixo.

Caçadores de Tempestades, escrito por Lais Lacet, é o sexto livro presente na antologia Todas as Letras do Arco-Íris, um projeto organizado pela Maria Freitas e publicado somente em edição digital pela Editora Resistência. Nessa narrativa acompanhamos uma protagonista assexual, uma sexualidade que raramente é representada em obras literárias.

A história é ambientada na Nova Era, uma época que as tempestades são constante e a tecnologia à vapor é extremamente eficiente na vida dos humanos, consequentemente trazendo uma narrativa integrada no universo Steampunk para os leitores. Durante a leitura, acompanharemos uma aventura nos céus com a presença de zepelins e uma missão que aos poucos é revelada, mas que acaba trazendo grandes reviravoltas.

E por se tratar de uma antologia com representatividade LGBTQA+, Caçadores de Tempestade acaba seguindo o mesmo rumo de alguns outros contos em colocar a sexualidade como segundo plano, trabalhando mais na trama e mencionando vagamente o que Tifa sente em relação ao sexo. Por ser uma protagonista assexual, acredito que poderia ser mais aprofundado, até porque muitas pessoas não sabem exatamente o que é um(a) ace, porém acreditamos que a ideia de Lais Lacet foi tratar essa questão com naturalidade.

Durante os capítulos acompanhamos as aflições dos adultos, incluindo de todos os amigos de Tifa, em viver nas alturas e tramando a missão de resgate, mas também sentimos todo o receio, medo e angustia das crianças que são obrigadas — ou vendidas pelos familiares — à submeterem em missões de risco em troco de pouca recompensa. Em partes conseguimos sentir uma alusão muito forte da realidade de algumas famílias, apesar de ser rápida, essas cenas conseguem tocar os leitores e pode comover os mais frágeis.

O que mais incomoda durante a leitura de Caçadores de Tempestade, é o fato do conto não ter tempo para aprofundar na personalidade dos personagens, mas somente para a trama. Existem reviravoltas dentro da história que poderiam ser mais impactantes, caso existisse uma apresentação mais fechada dos personagens e infelizmente isso não acontece. Além disso, alguns despertam tanto interesse no leitor que acabam sendo esquecido ao decorrer da leitura, principalmente no final. Porém, é válido ressaltar que Lais realiza um trabalho muito admirável em demonstrar como assexuais podem se relacionar com homens e mulheres, isso através de um trisa que traz um impacto surpreendente no enredo.

A autora nos apresenta um mundo recheado de possibilidades nesse conto e nos coloca no meio de uma situação um tanto complicada, consequentemente complicando um pouco a compreensão do leitor no início da narrativa. Porém, essa complexidade é sendo explicada conforme a leitura, deixando de ser um problema, já que a escrita vai ficando cada vez mais fluída e prazerosa, gerando emoção e curiosidade em cada capítulo.

Como em todos os contos contos, até agora, o trabalho editorial da Editora Resistência continua muito agradável nesse título. A diz muito sobre a história e explora cores mais escuras e frias para representar a realidade dos personagens que vivem nas nuvens com seus zepelins, além disso, a diagramação e revisão estão impecáveis, demonstrando como Maria Freitas é uma excelente editora e organizadora de antologias.

Caçadores de Tempestade, escrito por Lais Lacet, não é uma história que explora profundamente os assexuais, mas, por outro lado, entrega uma aventura Steampunk com muita emoção em poucas páginas. Essa é uma narrativa que muitos desejariam um livro com muitas páginas, mas como se trata de um conto, ela consegue entregar uma trama agradável e surpreendente.


Título: Caçadores de Tempestade
Autora: Lais Lacet
Editora: Resistência
Gênero: Steampunk
Número de páginas: 59
Sinopse: Zepelins e tempestades são comuns na Nova Era, assim como as crianças levadas para trabalhar nas nuvens, responsáveis por captar a eletricidade dos raios.

Tifa foi uma dessas crianças.

Desde que tomou o Oyá, ela fez da libertação dos outros sua missão e junto a Nico e Nadira trouxe escolha para diversas crianças. Porém, cinco meses atrás, Nico foi capturado em uma operação em Argel e a capitã não se permite descansar enquanto não salvá-lo.

É loucura, ela sabe, e Tifa pode pôr tudo a perder. Mas às vezes a luta também é sobre resgatar os seus e sobreviver outro dia.

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