CRÍTICA: Stranger Things – 2ª Temporada
28 out

CRÍTICA: Stranger Things – 2ª Temporada

Séries

Julia Giarola


Série:
Stranger Things
Título original: Stranger Things
Ano de lançamento: 2016
Duração: 9 episódios
Criador: Matt Duffer, Ross Duffer
Gênero: Fantasia, Suspense
Nacionalidade: EUA

Sinopse: Um ano se passou, mas os acontecimentos sobrenaturais envolvendo o Demogorgon e os segredos do laboratório de Hawkins ainda assombram a população local. E eles têm razão em se sentirem com medo: uma entidade ainda mais poderosa ameaça os sobreviventes.

Um dos maiores choques ao transitar de filmes para séries acontece em relação às diferentes motivações de cada mídia. Enquanto um filme pode ser movido puramente por sua trama, uma série tem que repensar mais o assunto, principalmente aquelas que duram por um bom tempo. Por mais intrigante e envolvente o enredo principal seja, esse tipo de história só irá seguir em frente se for movida pelos personagens, apesar de muitas pessoas ainda não terem se acostumado com este fato. A evolução do elenco é, talvez, o fator mais importante ao se analisar uma série, porque são esses personagens que irão prender a audiência do início ao fim de um programa duradouro. Com isso em mente, chegamos à tão esperada segunda temporada de Stranger Things, o fenômeno mundial que pegou todos de surpresa em 2016.

Repetir um sucesso igual ao da primeira temporada desta série original da Netflix é extremamente difícil, principalmente considerando o impacto inicial de quando esta foi lançada no ano passado. A expectativa além de ultrapassar quaisquer barreiras, também pesa na “síndrome da sequência”. Sendo tratada como um filme, Stranger Things tinha muito com o que se preocupar e muito onde errar, porém conseguiu lidar bem com a pressão. Em vez de se entregar aos clichês que quebram muitas histórias, essa viagem de nostalgia se garante no segundo ano, estabelecendo de vez o nome da franquia. Ainda entre referências aos anos 80, a série deixa de lado qualquer obsessão com o “serviço aos fãs” e se concentra em realmente desenvolver seus amados personagens em volta da trama criada na primeira temporada, assim lidando não apenas com as consequências dos acontecimentos, mas também com a descoberta de novas ameaças.

Graças ao excelente trabalho com o desenvolvimento dos personagens, os roteiristas já tinham “meio caminho andado” ao escrever esta segunda temporada, concentrando então nessas incríveis dinâmicas e relacionamentos que funcionaram tão bem na primeira vez. Porém, ao em vez de se apoiar totalmente nos episódios anteriores, podemos ver a série experimentando um pouco mais os seus limites, mantendo ainda o suspense. A ousadia da mistura de gêneros desenvolvida pelos Duffer Brothers continua presente entre risadas e suspiros, ainda impressionando com sua originalidade e familiaridade, a combinação que conquistou o mundo.

Adicionando novos membros nessa jornada, a série mostrou mais uma vez o quanto personagens complexos são importantes durante um trama, fazendo esta parecer mais madura e sofisticada. Os primeiros episódios, apesar de faltar tensão e ação, não perde tempo em nenhuma cena. Ao reservar estes capítulos para estabelecer a situação dos antigos e novos personagens, Stranger Things 2 mantém o clima de terror/suspense sem comprometer o entretenimento. As atuações impecáveis tanto do elenco mirim quanto dos veteranos continuam sendo o forte desta história, aumentando ainda mais o sentimentalismo nesta continuação.

O que ficou um pouco para trás em relação à primeira temporada foi o aspecto antagonista da trama principal. Revirado em conspirações no ano anterior, esta nova temporada vira somente para o paranormal o que tira um pouco do tema “paranoia” que tenta derivar dos anos 80 e sua influência da Guerra Fria. A parte governamental que foi retirada como antagonista destes episódios fez com que  a série perdesse um pouca da essência. Porém, isso tudo apenas comparado com o nível que foi estalecido pelos episódios lançados em 2016, pois em relação ao resto da televisão, Stranger Things ainda é um feito cultural, com alta qualidade técnica e artística que deixa muitos outro programas no chinelo.

Nossa nota é:

Assista ao trailer:

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