RESENHA: É Proibido Sorrir
30 jan

RESENHA: É Proibido Sorrir

Resenhas

Victor Tadeu

Título: É Proibido Sorrir
Autora: Esther Lya
Editora: Chiado Editora
Gênero: Ficção
Número de Páginas: 212
Skoob l Goodreads

Sinopse: Baingani vive há século num sistema, a Política Vermelha manda e ponto final. Mas embaixo da sua cidade, embaixo da Praça Vermelha que já viu tanto sangue, embaixo das pessoas que já ouviram tantos gritos de tortura, se encontram os túneis. Túneis tão secretos quanto seus donos e a origem das Políticas. E são nesses túneis que se encontram as respostas. É em cada símbolo azul, que se encontra a resistência que lutará pela liberdade.

Em um mundo onde homens lideram, o que você fará? O que fará quando está confinado à uma Política Vermelha, onde o mais simples ato de sorrir é completamente proibido?

Baingani é uma cidade que os homens lideram tudo, ou seja, é uma cidade totalmente machista, na qual mulheres não têm o direito de absolutamente nada, além de obedecer o seu dono e seguir as regras criadas pelo governo composto de homens. Em Baingani homens deveriam comprar mulheres quando elas completassem 18 anos, as pobres e humilhadas moças eram propriedades dos terríveis homens. Eles tinham direito de bater nelas, podiam dar a “educação” que eles achassem certo e entre outros direitos que nem prefiro comentar. Eles tiveram a certeza que os homens dominariam as mulheres, após uma batalha entre os sexos opostos, que acabou gerando um pesadelo para várias mulheres.

 

A história começa narrando a observação de Leya, uma criança curiosa e bem inteligente. Leyaadmirava a beleza de uma moça ruiva e muito sedutora com uma flor na mão, mas se assustou quando a ruiva sorriu para um jovem. Em questão de segundos um Vis apareceu e costurou a boca da ruiva, essa era uma das leis de Baingani, mulheres não tinham o direito de sorrir, para os “machistas” era uma forma de seduzir e encantar os homens. A pequena garota acabou crescendo com aquela cena na cabeça, mas para a sua sorte Leya conhece Brandon, o filho de um dos mais importantes homens da cidade.

Brandon é um jovem totalmente diferente dos homens que conhece, como de se esperar, ele não acha certo o fato das mulheres sofrerem tanto na mão dos ogros. Ele convivia  com aquela criminalidade dentro de casa, Brandon via sua mãe apanhando de seu pai e podia falar nada. Sendo obrigado a sair de casa para seu pai “conversar” com sua mãe, Brandon caminha pelas ruas de Baingani e encontra a mesma cena que Leya estava presenciando. Naquele tempoBrandon não era uma criança, ele sentiu muita dó da moça que estava sendo costurada e se assustou com o pavor de Leya. Assim que o garoto pensou em ajudar a ruiva que estava jogada no chão e ainda costurada, uma mulher loira chamada Joanne apareceu ajudado a moça, a visão de Brandon ficou turva ao perceber que Joanne estava quebrando outra lei estabelecida pelo governo — ninguém tinha o direito de ajudar nenhuma costurada. Cansado de conviver com aquele cenário, ele não queria ver duas mulheres sendo torturadas, então correu até um Vis que andava pela Praça Vermelha e tentou puxar algum assunto para que ele não percebesse o que as duas mulheres estavam fazendo.

O tempo passa e Brandon reencontra com Joanne, e com o passar do tempo é obrigado a separar da moça. Mas a história toma um real sentido quando Brandon e alguns amigos começam a lutar pela igualdade de direitos. E com muito suspense, tortura, dor, morte e ao mesmo tempo amor, você acompanhará Brandon e seus amigos lutando pelo fim daquela bruta criminalidade.

É Proibido Sorrir da autora Esther Lya é um livro feito de torturas e recheado de mortes. A autora tortura os personagens, mas, ao mesmo tempo, nos torturam. E antes de falar um pouco mais sobre a obra, eu te passo a seguinte dica: não goste de nenhum personagem.

Primeiramente quero falar sobre a capa e a sinopse do livro. Bom, a primeira vez que vi a capa eu gostei bastante e não tinha noção do que se tratava a obra, — poucos sabem, mas odeio ler sinopse — a autora até pediu para que eu fizesse minhas primeiras impressões do livro, mas preferi não fazer, porque não sabia de absolutamente NADA do que a história contava. É válido alertar que eu faço isso com todas as obras que leio, deve se por esse motivo que tenho ressaca literária com frequência. Ainda falando sobre a capa… Eu fui parado por meus professores de cursos e escola por causa da capa, muitos elogiaram falando que o livro deve ser muito bom, outros falaram que a boca costurada é muito agoniante e totalmente intrigante. Particularmente tenho algo a reclamar do material  da capa. Se reparamos muito bem a capa é bem brilhante, se não me engano o nome é verniz, mas esse “brilho” me incomodou de uma forma estressante quando eu tentava tirar uma foto do livro. Se vocês forem no Instagram do blog(@desencaixados), poderão perceber que tentei tirar uma foto legal, mas o ângulo não ficou bom e isso aconteceu   devido ao “brilho”. Fora este problema particular está tudo ótimo.

Após eu ter feito a leitura do livro, li a sinopse e não fiquei muito contente. A autora focou mais no sistema de governo e falou pouco do poder que os homens tinham em Baingani, fiquei muito chateado com isso, pois a capa e a sinopse são os primeiros contatos de um leitor com a obra/autor. Estou dizendo isso porque tive a impressão que se tratar de uma distopia dividida pelaPolítica Vermelha e a Política Azul e o livro não foca só nessa “rivalidade” — não foi só eu que pensei assim.

Como dito, É Proibido Sorrir não é um livro totalmente distópico. É bem nítido percebermos que a autora abordou um assunto muito atual no nosso país e também no mundo, ela fala muito sobre a luta das feministas para conseguir a igualdade e os direitos que merecem — ela não fala isso diretamente, foi o que percebi e conclui. Como eu disse ao apresentar a premissa da obra, o grupo de pessoas que procuram por essa igualdade não é composto somente por mulheres, outros homens também fazem parte, e no momento que a Esther apresentou Brandon narrando seu posicionamento em relação as leis de Baingani, eu quase dei um pulo de comemoração, pois eu sou homem e super apoio as feministas e me identifiquei muito com Brandon nesse momento.

Esse é o segundo livro que li da autora e posso dizer que já sou um fã dela. O primeiro que li foi A Marcha dos Javalis e falo dessa obra para todo mundo que conheço, tem resenha dela no blog — está um pouco “chocha”, mas irei resenhar novamente — e todos puderam perceber que eu amei aquele livro de coração, nele a Esther foca um pouco na Ditadura, e, em É Proibido Sorrir o tema abordado é a igualdade independente de gênero. Percebi que a autora mantém o mesmo ritmo de escrita, ela consegue deixar o leitor muito vidrado na história, Esther continua matando muitos personagens e escreve muito bem como antes. A ideia que a autora propõem em seus livros são muito legais, ela consegue pegar assuntos debatidos e cria uma ficção ma-ra-vi-lho-sa.

No início do livro eu fiquei perdido enquanto lia, no mesmo tempo que ela falava sobre Leya no outro capítulo narrava sobre Brandon e no outro sobre outro personagem. Isso  virou uma bola de neve enorme que acabou tendo um ótimo fim. Pois conforme que a leitura ia fluindo tudo se encaixava, ela não esqueceu de nenhum personagem. Era só eu pensar que o personagem tinha morrido ou esquecido pela Esther, e ele aparecia saltitante e feliz (mentira, quase ninguém é feliz em Baingani kkkk). Então pegue mais uma dica: não abandone o livro no início, a leitura irá fluir e tudo se encaixará.

O modo que a Esther criou os personagens foi muito bem pensado. Em nenhum momento eu encontrei um personagem somente como “figurante”, todos tiveram sua função, cada um deles se destacaram de diferentes formas. O cenário criado e narrado é bem fácil de imaginar, a única coisa que até agora não consegui processar em minha mente, foi a Praça Vermelha, mas depois conversarei com a autora, porque sou um pouco lento para pensar e absorver cenários em minha mente. Teve certos momentos que duas personagens me irritaram, mas não posso dizer porque será um spoiler, quem quiser saber pode enviar um e-mail para [email protected] ou uma mensagem para a página do blog.

Como forma “padrão” a Chiado Editora continua com o mesmo formato de diagramação. Não encontrei nenhum erro durante a leitura, o espaçamento e a fonte estão agradáveis ao olhos e tudo isso colabora para que a leitura seja boa. Até hoje a minha única reclamação da editora foi o brilho exagerado que tem na capa de É Proibido Sorrir, mas não sei como foi feito a escolha do material, então não posso culpar ninguém por isso.

Irei finalizar a resenha por aqui, pois ela está ficando um pouco grande e ainda pretendo falar muito sobre a obra. Mas antes de terminar quero agradecer a autora por ter me tirado de outra ressaca literária e ter me apresentado mais uma obra que me tirou uma noite sem dormir (não estou puxando saco, estou sendo muito grato por isso, só quem estava acompanhando as minhas leitras sabem como sofri com essa ressaca).

Bom, indico a obra para TODOS SEM EXCEÇÃO, principalmente para todos aqueles que adoram contradizer e humilhar as feministas, talvez após a leitura desse livros eles possam ter uma visão melhor sobre esse grupo. E eu recomendo todos comprarem o livro pelo e-mail da autora utilizando o código que se encontra no final da resenha, quem comprar por ele receberá um desconto, o livro autografado e marcadores.

Compre um exemplar da obra É Proibido Sorrir ou de É Proibido Sorrir + A Marcha dos Javalis, mandando um e-mail para [email protected] com o assunto QUERO COMPRAR UM EXEMPLAR e apresente o código #EL007 no final da mensagem. Faça uma boa compra e uma ótima leitura!

 

Comentários