RESENHA: Planeta Brutal
12 dez

RESENHA: Planeta Brutal

Resenhas

Victor Tadeu

Título: Planeta Brutal
Autor: Raphael Miguel
Editora: Coerência
Gênero: Distopia
Número de páginas: 302
SKOOB

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Sinopse: Os eventos que culminaram no Primeiro Dia assolaram a face do Planeta Terra. Com a população reduzida drasticamente e com os efeitos das extinções de espécies e do aquecimento global, os sobreviventes tiveram que se adaptar a uma nova realidade… uma realidade feia, cruel, visceral, BRUTAL.

Em meio ao caos, após ter vivenciado o lado mais horrendo dos remanescentes, uma mulher leva seu pequeno filho pelo deserto sem fim na intenção de encontrar um lugar melhor para sobreviver, mas o perigo espreita pelos cantos e cada passo pode ser mortal.

Com um ritmo alucinante, “Planeta Brutal” irá te levar a um mundo caótico, com uma trama repleta de reviravoltas através de personagens fortes e marcantes que não têm limites para alcançar seus objetivos.

 

O planeta estava transparentemente belo, todos circulavam pelas ruas procurando colocar seus compromissos em dias, os habitantes levavam a vida rotineira como de costume. Até então algumas notícias e ideologias estavam consumindo toda a esperança de uma grande parte da população, determinadas pessoas vinham dizendo que o fim do mundo estava próximo e vários que ouviram detalhe por detalhe de como aconteceria não acreditavam.

Infelizmente os “boatos” eram verídicos, tudo aconteceu em questão de minutos. O céu começou a chover fogo, o chão abria em buracos e tudo foi destruído de forma brutal pela própria natureza, mas nesse caso todos os danos foram causados pelos humanos. Após o terrível “apocalipse” os sobreviventes tiveram que lidar com todo o resultado do desastre.

Clãs foram construídos para manter a união e força daquele que buscavam paz, mas isso não era muito possível quando um bando de assassinos atacavam os clãs para saborear a derrota de todos. O Distrito da Risca ParanaguáDRP — foram traídos e atacados, mas somente a esposa e o filho do líder conseguiu escapar pelo imenso deserto que todo aquele ambiente virou após o acontecimento apocalíptico — ele é referido como Primeiro Dia.

Tentando lidar com a sede e fome, a mulher e seu filho vageavam pelo deserto em busca de outro clã ou até mesmo tentando buscar vingança, mas a situação fica um pouco complicada quando os seres humanos — e seres descobertos após o Primeiro Dia — estão disponível para matar a primeira pessoa a sua frente em busca de qualquer comida ou água. E assim acompanhamos a história de uma mulher e seu filho tentando sobreviver mais um dia em um Planeta Brutal.

Planeta Brutal, de Rapahel Miguel é um livro publicado recentemente pela Editora Coerência e trata de uma distopia apocalíptica com elementos muito importantes. O autor já participou em mais de 30 antologias e pretende comover muitos leitores com essa obra.

É muito comum todos os séculos depararmos com teorias muito conspiradoras sobre o FIM DO MUNDO, muitas das vezes elas são feitas por religiosos ou até mesmo por àqueles que estudaram cientificamente sobre o universo. Como podemos notar, todas essas histórias até então não foram realizadas, e não é exatamente isso que acontece em Planeta Brutal.

Apesar de o livro ter alguns desastres não é sobre dramas que ele conta, muito pelo contrário, a obra relata muitos casos de superação pós-morte ou derrota. Kaiara é uma das personagens que mais nos mostra isso durante toda a leitura. A moça perdeu o esposo recentemente e, além disso, tem um filho muito novo para cuidar diante de tanta dificuldade para sobreviver no deserto vasto que o mundo acabou tornando. Invés de ficar reclamando da vida, se lamentar por todas as perdas e as consequências que carrega consigo mesma, ela ergue a cabeça e começa colocar metas para concluir enquanto viva.

                “No final das contas, O Primeiro Dia não foi o fim, mas o começo. (página 20)”

Além de Kaiara, nós também conhecemos outros personagens muito fortes e marcantes durante toda a história e esse é um ponto muito relevante do livro. O autor em todo momento conseguiu manter as características e personalidades dos personagens, sem causar deslizes e passando longe de falhar miseravelmente, eu fiquei extremamente satisfeito ao encontrar uma história tão boa e com personagens originais.

Muitas das vezes costumamos associar os pensamentos dos personagens com os dos autores, como já relatei em várias outras resenhas aqui no Desencaixados. Fica muito complicado quando lemos falas intolerantes e não sabemos se é o que o autor pensa ou somente uma característica do personagem, e é sempre bom explicar toda a situação, principalmente em um momento de alerta social constante como estamos vivendo.

Raphael Miguel foi muito criativo quando decidiu trazer um cenário pós-apocalíptico para uma história passada no Brasil, além disso, fiquei muito feliz com o capricho que ele obteve ao descrever toda a história. Não estou dizendo sobre a escrita do autor, e sim a vontade de introduzir cada detalhe importante da obra, pois é muito comum lermos distopias com uma explicação muito superficial do antes e depois do desastre, e o autor de Planeta Brutal demonstra não ter passado por esse problema. E um fator muito bom que encontrei nas primeiras páginas do livro, foi que ele deixou explicitamente avisado que as atitudes dos personagens não envolvem as suas, assim, eliminando qualquer forma de ataque dos pensamentos machistas encontrados dentro da obra.

O fato dele ter explicado toda a história de forma agradável e inteligente, fez com que a obra não ficasse com pontas soltas. E agora assim falando sobre a escrita do autor, bom… Eu fico até um pouco sem palavras, porque é muito boa,  principalmente a forma que ele conseguiu escrever cada capítulo de forma fluída e o fato de em nenhum momento sair da linha histórica da obra me deixou bastante satisfeito, o que acaba tornando outro ponto muito positivo para o livro.

Acho muito válido alertar que a obra é dividia em perspectivas de vários personagens, apesar de ser legal e mais informativo, achei um pouco confuso pelo motivo de em nenhum momento citar o nome do personagem que narra aquele capítulo. Também acho autêntico alertar que em nenhum momento isso atrapalha a leitura, pois lendo as primeiras linhas você consegue associar de quem são aqueles pensamentos, simplesmente pelo fato de o autor ter trabalhado maravilhosamente nas personalidades de cada um dos personagens.

“Espancada e subjugada, mas ainda obstinada. Não sou de desistir dos meus ideais, tenho dois motivos muito nobre para continuar viva, para continuar lutando e um deles é meu filho. (página 71)”

Talvez não seja novidade para quem acompanha o Desencaixados, mas a Editora Coerência mais uma vez arrasou no trabalho editoral. A diagramação do livro está impecável, a fonte está ótima e o tamanho ficou perfeito para uma leitura agradável, além disso, a capa criada pelo Décio Gomes condiz muito com a história. O que me surpreendeu nessa edição foi a ilustração feita pelo Rafael Danesin que deixou a obra super convidativa e ainda mais instigante.

Enfim, Planeta Brutal é uma distopia bem sangrenta, cheia de lutas e arrasadora com a capacidade de surpreender os leitores mais cobiçados. Ela está mais do que indicada para os fãs de distopias e principalmente para quem gosta de The 100 e Game of Thrones — a história tem um clima que lembra bastante essas séries/livros —, além disso, caso você deseja conhecer uma história pós-apocalíptica narrada no Brasil essa é uma grande oportunidade.

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