CRÍTICA – Você Nunca Esteve Realmente Aqui
10 ago

CRÍTICA – Você Nunca Esteve Realmente Aqui

Filmes

Julia Giarola

Título: Você Nunca Esteve Realmente Aqui
Título original: You Were Never Really Here
Data de lançamento: 9 de agosto de 2018
Duração: 1h 30min
Direção: Lynne Ramsay
Gênero: Suspense, Drama
Nacionalidade: Reino Unido, França, EUA

Sinopse: Um homem, veterano de guerra, ganha a vida resgatando mulheres presas em cativeiros trabalhando como escravas sexuais. Após uma missão mal sucedida em um bordel de Manhattan, no entanto, a opinião pública se torna contra ele e uma onda de violência se abate na região.

Da mesma maneira que existe muitos lados do terror, também existe os muitos lados do suspense, mais precisamente do suspense psicológico abordado por muitos cineastas. O gênero, porém, não é tão bem sucedido como deveria ser já que, em sua maioria, os filmes caem em uma pretensão característica que força ideias e temas de maneiras não sutis. É com muito cuidado e talento que alguns artista conseguem atingir a audiência de modo absoluto, mas também nos permite em manter nossas próprias perspectivas diante à obra. Balanceando o drama e o suspense, hiper-realidade e profunda tristeza que Lynne Ramsay consegue entregar pela segunda vez um dos melhores thrillers dos últimos anos.

Após o impacto de seu trabalho em Precisamos Falar Sobre o KevinLynne Ramsay volta ao suspense psicológico com mais um triunfo em mãos. Da mesma maneira que a diretora controlou todos os aspectos do lançamento de 2011 de uma maneira conservada e equilibrada, Você Nunca Esteve Realmente Aqui prova o quanto Ramsay tem controle sobre sua arte, esboçando seu estilo sem comprometer o fundamento da história. O controle de Lynne Ramsay sob todas as ações em todas as cenas é algo lindo de assistir, manipulando o estado emocional não apenas do filme, como também de todos assistindo.

Alternando perfeitamente entre a hipertensão que segue o protagonista e a melancolia encravada em seu passado, Você Nunca Esteve Realmente Aqui se esbanje de forma paradoxal. Os momentos de violência gráfica são utilizados como parte dos dois extremos: a profunda tristeza (solidão) e a profunda conexão; os dois espectros do filme: o suspense e o drama. Assim, o longa utiliza o drama como uma ferramenta fundamental do suspense, alimentando constantemente e simultaneamente a trama e a tensão. Esta é a prova concreta do drama e suspense artístico.

De certa maneira, o filme se apoia nos visuais tanto para contar a história, quanto para chocar. Criando um novo contexto emocional para apresentar a violência gráfica, Você Nunca Esteve Realmente Aqui conta com a presença marcante e sutil de Joaquim Phoenix que traz apenas seu melhor para a produção. Explorando os aspectos silenciosos e profundos de seu personagem, o ator não precisa dizer muito para carregar o pesado cenário do longa, assim como a constante aflição melancólica explorada pela diretora. Em vez de exagerar, ele entrega o suficiente para balancear estes aspectos do filme.

Como principal aspecto, Você Nunca Esteve Realmente Aqui é um filme tenso que requer sua total atenção e comprometimento com a trama sutil. Com certeza, o longa não atingirá a audiência que merece devido ao conteúdo mesclado com a intensão artística. Mas antes de tudo, o longa dirigido por Lynne Ramsay merece ser experienciado, não somente assistido. A imersão da profunda inquietação criada durante toda a história é algo incrível de presenciar, mesmo que a trama em si pareça lenta. Não deixe de conferir!

Nossa nota é:

Assista ao trailer:

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